"tudo o que é ameaçado pelo tempo, para não morrer, segrega a mentira e, proporcionalmente, o perigo de morte. É por isso que não existe amor pela verdade sem uma admissão ilimitada da morte."
Que afago virá sossegar-me o coração e que luz por entre as brumas me fará, por fim, saber o sentido inaudito do que me ata aos dias.....
eu que nada sei eu que acordei com o sopro e me disse com o primeiro grito eu que resisti ao mundo, antes de o saber azul e bordado de fragas e entranhado de lume
não sei o que virá acordar-me do sossego se vier ... e que caminho acharei depois de ter caminhado por entre urzes e gritos e o desatino do mundo.
E depois o que virá? Sabê-lo de que me serve se hoje é o tempo todo e isto que sou e sinto o que devo sentir e ser.
Ah, não estar parado nem a andar, Não estar deitado nem de pé, Nem acordado nem a dormir, Nem aqui nem outro ponto qualquer, Resolver a equação desta inquietação prolixa, Saber onde estar para poder estar em toda a parte, Saber onde deitar-me para estar passeando por todos as ruas...
Multipliquei-me, para me sentir, Para me sentir, precisei sentir tudo, Transbordei, não fiz senão extravasar-me, Despi-me, entreguei-me, E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.