"tudo o que é ameaçado pelo tempo, para não morrer, segrega a mentira e, proporcionalmente, o perigo de morte. É por isso que não existe amor pela verdade sem uma admissão ilimitada da morte."
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
De ti
Devolve-me a leveza Da tão primeira nuvem que avistares.
Deve ser o último tempo A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos O cadáver onde a aranha decide o círculo. Deve ser o último degrau na escada de Jacob E último sonho nele Deve ser-lhe a última dor no quadril. Deve ser o mendigo à minha porta E a casa posta à venda. Devo ser o chão que me recebe E a árvore que me planta. Em silêncio e devagar no escuro Deve ser a véspera.Devo ser o sal Voltado para trás. Ou a pergunta na hora de partir.
Daniel Faria de Explicação das Árvores e de Outros Animais 1998
2 comentários:
Sonho?
Ou o perigo de uma janela aberta?
Deve ser o último tempo
Deve ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Deve ser o último degrau na escada de Jacob
E último sonho nele
Deve ser-lhe a última dor no quadril.
Deve ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Deve ser a véspera.Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.
Daniel Faria
de Explicação das Árvores e de Outros Animais
1998
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