E sei que cada palavra escrita é um dardo envenenado, tem a dimensão de um túmulo, e todos os teus gestos são uma sinalização em direcção à morte - embora seja sempre absurdo morrer. Mas hoje, ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar. Medito no meu regresso. Possuo para sempre tudo o que perdi. E uma abelha pousa no azul do lírio, e no cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti. Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto - aqui sentado, junto à janela fechada. Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho o mel, guardo a alegria, e digo-te baixinho:
"Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge."
Al Berto
4 comentários:
Há mundos que só "vivem" na lembrança do que foi.
E ainda assim são belos.
Um beijo
és de gostas e querer...
és... tu!
abraço com os teus braços, em ti!
Que bonito *.*
Está profundo..
Não apagues as estrelas. O brilho delas dá o esplendor à noite...
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