sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sem palavras

É sabido que os comboios completos de pensamento atravessam instantaneamente as nossas cabeças, na forma de certos sentimentos, sem tradução para a linguagem humana, menos ainda para uma linguagem literária... porque muitos dos nossos sentimentos, quando traduzidos numa linguagem simples, parecem completamente sem sentido.
Essa é a razão pela qual eles nunca chegam a entrar no mundo, no entanto toda a gente os tem.
Fiodor Dostoievski

4 comentários:

Teresa do Mar disse...

É assim que o silêncio se torna eloquente. E se ouve, limpido, perfeito no sentir.

Nikita disse...

Pois... quem é que nunca sentiu não encontrar as palavras certas para transmitir os seus sentimentos?

Gasolina disse...

Hum...
Não gosto nada de comboios de pensamentos, soa-me a mecânico e muito certinhos, enfileirados e presos entre "linhas" de conduta.
Ora os sentimentos são tudo menos encarreirados e alguns inexplicáveis na sua origem.
Eu sei o que sinto e sei dizê-lo embora o nexo se dilua entre o emocional e a racionalidade.
Mas que interessa isso?
Não é muito disso que vive a poesia?

Um abraço em ti.

Eternos Sentidos disse...

Amiga Gasolina, não vejo que o termo "comboios", neste caso se aplique a esse tipo de mecanismo do pensamento que expões. Leio-os como imensas massas electricas a circular a alta velocidade, ininterruptamente, sem paragens. E nós que neste caso seriamos a paisagem, sem capacidades para devidamente as vislumbrarmos e podermos obviamente traduzir todas as sensações, emoções e sentimentos em meras letras.
A poesia vive do pouco que o poeta consegue traduzir. Acredito que a realidade que o emocional vive, sente, espera e sofre fica sempre aquém de todas as palavras, por mais belas que elas sejam.

Abraço-te