quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Voo Nocturno

Agora já não vejo o sol
nem seu reflexo lunar

levo as asas nos bolsos
e o coração a planar

neste voo nocturno
nao sei onde vou aterrar

sinto as nuvens nos meus pulsos
e o leme sempre a consentir

sao sempre os mesmos ossos que eu insisto em partir
neste voo nocturno só quero mesmo resistir
neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno nao sei onde vou acordar

em baixo há manchas no canal
mas eu nao as quero ver

poeira ou plano está frio
e as helices a ferver

o nariz do avião
só obedece a quem quiser

agora nao existe nada
o meu motor ou ralentim

vou revendo em surdina
tudo o que eu vivi

neste voo nocturno
a madrugada veem ai

neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno nao sei onde vou acordar

Jorge Palma