terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ternos sentidos

Ó doce perspicácia dos sentidos!
Visão mais táctil que apressados dedos
sempre na treva tropeçando em medos
que só o olfacto os ouve definidos!

Audível sexo, corpos repetidos,
gosto salgado em curvas sem segredos
a que outras acres e secretas - ledos,
tranquilos, finos, ásperos rangidos -

se ligam, mancha a mancha, lentamente...
Perfume túrgido, macio, tépido,
sequioso de mão gélida e tremente...

Vago arrepio que se escoa lépido
por sobre os tensos corpos tão fingidos...
Ó doce perspicácia dos sentidos

Jorge de Sena