quinta-feira, 11 de junho de 2009

ilegível

O teu corpo, luz sobre a cama.
A escuridão chegará de um momento para o outro e tu perdes-te, minha amada, sobre os lençóis num sono que enche a noite. Enroscada como um animal perigoso que ao menor toque atacaria, a luz dos olhos fechada sob as pálpebras docemente descidas. Ainda se vê, no escuro, o seu fulgor. Não sei onde está aquela que eu persigo, por onde se passeia, erguida e nítida, quais os desejos de que se alimenta e os prazeres de que se constrói. Não sei que paisagens a acolhem, que língua humana fala. O teu corpo despido, estendido a meu lado, preste o ataque.
Tão frágil que me impede de lhe tocar.
Um imenso desejo.
A noite toma-te sem fazer perguntas.

Pedro Paixão

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