terça-feira, 9 de junho de 2009

Mais Um (Dia)

Os dias longos, as noites no meio do mar.
Espero o porto de chegada, as virtudes restituídas, o espírito enfim reconciliado com o mundo.
E desembarco, há uma qualquer experiência surpreendente, caminho para o conhecimento.
Consigo agarrar essa meada ainda irreconhecível: a maneira como tudo se enreda em tudo.
Desabituei-me dos milagres.
Sabe-se como é: quase todas as manhãs acordo angustiado, esforço-me por imaginar que este dia é virgem e primeiro, carregado de poderes enigmáticos, destinado às revelações.
Trata-se de mais um dia em que me vou chatear, aturar os meus semelhantes, a filha-de-putice teológico-emocional de um Deus que, ainda por cima, não existe.
Posso especular sobre a revolução, evidentemente.
Que revolução?
A revolução, claro.
Pois é: a minha revolução não dá um passo.

Herberto Helder

1 comentário:

AnaMar (pseudónimo) disse...

As revoluções revolucionam. E quando menos esperamos, as coisas acontecem. Principalmente o que desejamos muito.
Bj